O tribunal de Estarreja foi palco de uma decisão surpreendente e carregada de tensão. A juíza que absolveu Filomena e Sara Silva — tia e irmã gémea de Mónica Silva, a grávida desaparecida na Murtosa — não poupou críticas a Fernando Valente, ex-namorado da vítima e principal visado no processo da sua morte.
Na sessão desta segunda-feira, o tribunal absolveu as duas mulheres do crime de difamação, pelo qual Fernando Valente exigia uma indemnização de seis mil euros. No entanto, as palavras da magistrada deixaram claro que a decisão não foi apenas jurídica, mas também profundamente simbólica.
“O próprio Ministério Público, no legítimo desempenho das suas competências, conclui em termos análogos aos de Maria Filomena, pois que acusa Fernando Valente da prática de homicídio qualificado, de aborto e de um crime de profanação de cadáver, apontando o mesmo móbil do crime e aludindo aos mesmos factos para suportar as conclusões que alcançou na sua acusação pública”, declarou a juíza.
A magistrada foi firme ao lembrar que a absolvição de Fernando no processo da morte de Mónica Silva “ainda não transitou em julgado”, deixando em aberto uma possível reversão da decisão pelo Tribunal da Relação do Porto.
Referindo-se a Fernando como o “amigo/namorado” da vítima, a juíza deu a entender que o caso está longe de terminado — e que a sombra da suspeita continua a pairar.
O advogado António Falé de Carvalho, que defendeu Filomena e Sara Silva, aplaudiu a sentença, admitindo que não esperava uma absolvição total:
“Foi uma decisão justa e corajosa. A verdade prevaleceu.”
Com esta reviravolta, o nome de Fernando Valente volta ao centro das atenções — e o caso Mónica Silva continua a abalar a opinião pública portuguesa, sem sinais de chegar ao fim.